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Saiba os impactos do frio no ambiente de trabalho para a saúde do trabalhador.


 A temperatura é um fator de risco e um cuidado a que os empregadores precisam se atentar, pois ela pode impactar diretamente na saúde dos colaboradores. Nesse sentido, tanto o estresse por calor ou por frio afetam o desempenho. Por isso, neste artigo, vamos entender melhor o risco físico frio.

Qualquer pessoa que trabalhe em um ambiente frio pode estar em risco de estresse por frio. O trabalho em ambientes extremamente frios pode causar mais que apenas desconforto térmico, mas também pode contribuir para doenças ocupacionais e acidentes.

A exposição ambiental de colaboradores ao frio ocorre em muitos tipos de indústrias, destacando-se as atividades realizadas em:

  • Câmaras frigoríficas 

Utilizadas para armazenamento de produtos congelados, sendo que a temperatura varia de -18ºC a -12ºC. 

  • Câmaras de resfriados 

Usadas para o armazenamento de produtos resfriados em temperaturas que variam de 0 a 10ºC.

  • Câmaras climatizadas 

Empregadas para armazenamento de produtos que são sensíveis à baixas temperaturas e operam a aproximadamente 15 ºC. 

  • Ambientes climatizados 

São locais que devem ser mantidos em temperatura adequada para inibir o surgimento e crescimento de boa parte de microrganismos, que comprometem os alimentos processados no local. 

  • Caminhão frigorífico

São utilizados para o transporte de produtos congelados ou resfriados e podem atingir temperaturas extremamente baixas, a depender da carga a ser transportada. 

Não podemos nos esquecer da exposição ao risco nos ambientes naturalmente frios, como nos segmentos agro, construção civil, exploração de petróleo, pesca, vigilância, portuário, dentre outros.

Quão frio é muito frio?

A percepção do frio é muito subjetiva e individual. Por esse motivo, não é possível definir um limite de temperatura para esse agente, pois o que é frio para uns pode não ser para outros. 

O que constitui o frio extremo e seus efeitos podem variar em diferentes áreas do país. Regiões que não estão acostumadas ao clima de inverno, temperaturas próximas ao congelamento são consideradas “frio extremo”.

Um ambiente frio força o corpo a trabalhar mais para manter sua temperatura normal e sempre que as temperaturas caem abaixo do normal e a velocidade do vento aumenta, o calor pode deixar seu corpo mais rapidamente.

A sensação térmica é a temperatura que seu corpo sente quando a temperatura do ar e a velocidade do vento são combinadas. Por exemplo, quando a temperatura do ar é de 4,4ºC e a velocidade do vento é de 56 Km/h, o efeito sobre a pele exposta é como se a temperatura do ar fosse de 2,2ºC negativos.

Como o organismo reage ao frio e as consequências do risco físico frio

Em um ambiente frio, a maior parte da energia do corpo é usada para manter a temperatura interna do núcleo aquecida. Com o tempo, o corpo começará a mudar o fluxo sanguíneo das extremidades (mãos, pés, braços e pernas) e da pele externa para o núcleo (peito e abdômen).

Essa mudança permite que a pele exposta e as extremidades esfriem rapidamente e aumenta o risco de congelamento e hipotermia. A combinação desse cenário com a exposição a um ambiente úmido eleva ainda mais as consequências à saúde dos colaboradores. 

Saiba maisAntecipação de riscos: qual sua importância para as empresas?

Danos à saúde por exposição ao frio 

O risco físico frio é a chamada exposição repetida ao frio sofrida pelo trabalhador. O que pode causar diversos danos à sua saúde, caso as medidas de segurança não sejam tomadas. Abaixo, citamos algumas das doenças mais comuns que podem ser causadas pelo frio: 

  • Urticária ou alergia ao frio 

Caracteriza-se pelo aparecimento de coceiras na pele, sensação de dor e queimação, áreas avermelhadas, inchaço nos dedos, feridas e descamação da pele. Ocorre após o contato com água gelada, objetos gelados ou a exposição ao ar frio já é suficiente para desencadear os primeiros sintomas, em pessoas mais sensíveis.  

  • Frosbite 

A exposição em locais com temperatura abaixo de 0°C ou o contato com objetos gelados, por muito tempo, pode provocar o congelamento da pele, formando cristais de gelo na derme e epiderme. A pele fica adormecida e pálida, podendo causar lesões como queimaduras. Pode ocorrer ainda a morte do tecido congelado e, consequentemente, a perda do membro afetado.

  • Queimaduras 

A exposição constante a ambientes frios pode causar queimaduras na pele, sendo esta a condição mais leve de todas do risco físico frio que pode ocorrer por exposição a baixas temperaturas. As áreas afetadas geralmente ficam avermelhadas e dormentes e o tratamento é feito por reaquecimento destas áreas.

  • Hipotermia 

De todas as condições acima causadas pelo frio, esta certamente é a mais grave. Ocorre após um longo período de exposição a temperaturas extremamente baixas sem a proteção adequada. A hipotermia acontece quando o corpo dissipa mais calor do que produz. Nessas situações, a temperatura corporal costuma ficar entre 34ºC e 35ºC. 

Nesses casos, o indivíduo começa a perder a sensibilidade e, aos poucos, vai deixando de sentir frio e dor. A hipotermia pode causar também confusão mental, alucinações, arrepios, fraqueza muscular, adormecimento e, em casos mais graves, quando a pessoa não é socorrida a tempo parada cardíaca e morte.

Equipamentos de proteção individual indicados para o risco físico frio

Já vimos que o frio ocupacional faz parte da rotina de muitos colaboradores, pois são diversos os segmentos industriais que possuem atividades executadas em baixas temperaturas, como indústrias alimentícias, farmacêuticas, portuárias, entre outras.

Para a correta adoção dos EPIs para proteção, três fatores devem ser levados em conta: 

  1. Temperatura deve ser medida com um termômetro capaz de mostrar valores abaixo de zero.
  2. Velocidade do vento. 
  3. Atividade física, considerando tabelas de gasto calórico em cada atividade. 

Com esses pontos definidos, podemos verificar qual o nível de isolamento térmico que o EPI deve proporcionar.

Alguns exemplos de EPI de proteção contra o risco físico frio são:

  • Uniforme completo – blusa e calça, ambos feitos em material térmico e impermeável, para proteger o tronco e os membros do usuário e evitar contato direto com o frio intenso. 
  • Luvas de segurança – luvas térmicas para proteger as mãos do trabalhador.  
  • Capuz de proteção – responsável em proteger a cabeça e o pescoço do usuário. 
  • Bota térmica – para proteção dos pés contra o frio extremo, seu uso deve ser feito sempre em com meias térmicas específicas para câmara fria. 

Nota: O uso de EPI altamente isolante durante a execução de trabalho pesado resultará em um microclima quente que pode induzir a transpiração. Uma vez que a atividade física para, o suor começa a evaporar, causando mais resfriamento, o que pode contribuir para o estresse pelo frio.

Como avaliar a questão da exposição ocupacional ao frio

A legislação brasileira é um pouco confusa na questão de exposição ao risco físico frio, como veremos:

  • CLT – Art 253 (1943) 

Esse texto foi preservado até hoje e isso já tem 70 anos. Coloca uma recomendação para o trabalho em frigoríficos, no sentido de se definir Frio. E se revelou um assunto polêmico na medida em que se refere a um Mapa Oficial do Ministério do Trabalho, mas, na verdade, esse MAPA é de competência do IBGE.  

  • Norma Regulamentadora 36 (Trabalhos em Frigoríficos) e Norma Regulamentadora 29 (Trabalho Portuário) 

Referem-se ao Mapa Climático citando o IBGE e, por serem NRs setoriais, prevalecem sobre as gerais. Vale lembrar que, na legislação brasileira, não há previsão de exposição ao frio em outras atividades, senão aquelas realizadas em frigoríficos e zonas portuárias. 

  • NR 15 (Atividades e operações insalubres) 

Essa NR estabelece no seu Anexo 9 que “as atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas, ou em locais que apresentem condições similares, que exponham os trabalhadores ao risco físico frio, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho.”

Nesse sentido, temos que verificar a aplicabilidade das legislações existentes sob dois aspectos:

  • Prevenção – Nesta questão, o Artigo 253 é válido como uma referência do que se considera Frio, assim como o estabelecido na NR 36 e na NR 29. 
  • Insalubridade – Aqui o texto é qualitativo e exige a presença de um laudo após inspeção no local de trabalho. O profissional responsável por essa inspeção deverá observar se o trabalhador que está exposto ao frio possui ou não a proteção adequada.

Existe muita discussão sobre a caracterização da insalubridade devido ao agente frio, em função de não existir um limite de exposição definido e esse julgamento ser subjetivo.

No entanto, se o objetivo é a prevenção, os esforços deveriam estar direcionados para as medidas de controle para a proteção da saúde do trabalhador, uma vez que o pagamento da insalubridade não favorece nem a empresa e muito menos o trabalhador. 


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